Empresas que não gerenciam bem o conhecimento sofrem vendo indivíduos com competências importantes deixando a organização, têm imensas dificuldades para suportar mudanças de escala e raramente conseguem conquistar vantagens competitivas.

A gestão do conhecimento é, enfim, capability diferenciadora e, por isso, deve integrar o pensamento estratégico.

Como o conhecimento se manifesta na organização

O conhecimento pode ter duas manifestações – tácita e explícita – que não são exclusivas. 

O conhecimento explícito é aquele que encontramos em fórmulas, manuais, livros e sites. Ele é fácil e rápido de transmitir formal e sistematicamente.

O conhecimento tácito – como intuições e palpites – por outro lado, não é fácil de ver ou explicar. Ele é “pessoal” e não formalizado. Por isso, sua comunicação é complexa. Conhecimentos tácitos estão enraizados na cultura.

Apenas manter um portal de conhecimento, na intranet, não é fazer gestão do conhecimento.

O conhecimento não é explícito ou tácito. O conhecimento é tanto explícito quanto tácito.

O essencial para gerenciar o conhecimento

Gerenciar o conhecimento consiste em tratar de duas dimensões: a epistemológica (relação entre o tácito e o explícito), que já conhecemos, e ontológica (quantas pessoas o dominam).

A geração de conhecimento novo é, sempre, um ato individual. Empresas precisam de indivíduos para gerar conhecimento novo. A “apropriação do conhecimento”, pela organização acontece pela ampliação ontológica.

Quando apenas uma pessoa tem um determinado conhecimento, o risco é grande (quem tem um não tem nenhum). Por outro lado, querer que todo mundo na organização tenha todos os conhecimentos relevantes é impraticável.

O conhecimento se consolida quando gente suficiente o domina.

A gestão efetiva do conhecimento, visando consolidação, consiste de quatro atividades:

1. Manter um catálogo efetivo dos conhecimentos da empresa
2. Diagnosticar a “posição atual” do conhecimento
3. Determinar a “posição ideal” do conhecimento
4. Projetar a transição entre a “posição atual” e a “posição desejada”

Como conduzir a ampliação ontológica do conhecimento

A ampliação do conhecimento que gera a apropriação do conhecimento organizacional, acontece sempre pela repetição de quatro movimentos com conversões na dimensão epistemológica, seguindo a “espiral do conhecimento”.

O primeiro movimento – do tácito para o tácito – ocorre através da socialização. A ideia é fazer indivíduos interagir e cooperar, trabalhando juntos, para gerar resultados. Na maioria dos casos, estabelece-se relação mestre aprendiz.

O segundo movimento – do tácito para o explícito – ocorre com a externalização. Trata-se do esforço deliberado para gerar uma manifestação explícita do conhecimento a partir das experiências do aprendiz.

O terceiro movimento – do explícito para o explícito –  ocorre pela combinação. O objetivo é Juntar a manifestação gerada pelo aprendiz com artefatos pré-existentes.

Finalmente, o quarto movimento – do explícito para o tácito – acontece pela internalização. Utilizar o conhecimento manifestado explicitamente na organização para treinar pessoas.

Gestão do conhecimento Vivemos hoje na sociedade do conhecimento, sociedade essa que não usa máquinas, linhas de montagens ou robôs como “meios de produção”. Seus meios de produção estão na cabeça e nas mãos das pessoas que nela trabalham. Este livro é uma corajosa tentativa de repensar a gestão a partir da perspectiva do conhecimento. Acessar livro

Para pensar…

Não há capabilities sem competências. Não há competência sem conhecimento. Gerenciar o conhecimento é imperativo para a sobrevivência da organização.

Em empresas menores, é suficiente disseminar conhecimento apenas pela socialização. Entretanto, empresas que não desenvolvem capacidade de externalizar, combinar e internalizar o conhecimento não conseguem crescer.

Empresas que desenvolvem software, por exemplo, frequentemente negligenciam a geração de documentações (conhecimento explícito) confiando excessivamente em código como fonte única da verdade e acabam vendo “explodir” os custos de manutenção.

Antes de seguir em frente…

Antes de avançar, recomendo que você dedique algum tempo para refletir:

1. Quais são os conhecimentos mais importantes de sua organização? Qual a “posição atual” desse conhecimento, epistemológica e ontologicamente? Qual a “posição ideal”?
2. Como seu grupo suporta a espiral do conhecimento?