Toda empresa com intencionalidade estratégica definida tem um caminho a percorrer entre sua condição atual, o lugar onde está, e a sua condição desejada, onde ela deseja chegar. Este “caminho”, entretanto, é cada vez mais difícil de determinar em função do dinamismo do “tabuleiro competitivo”.
O profissional com pensamento estratégico, invariavelmente, ajuda a empresa a suportar o ambiente dinâmico, ajudando a identificar e colocar em execução o que for necessário, sem ferir os princípios identificados na intencionalidade.
Indivíduos com pensamento estratégico definido são tomadores de decisão. É a assertividade desses profissionais que ajuda a atingir seus objetivos, cumprindo a missão.
Por tudo isso, o pensamento estratégico demanda visão estratégica.
A visão estratégica é mais importante do que nunca
Estamos em tempos de organizações e tecnologias exponenciais. Mais do que nunca, a capacidade de fazer “adaptações de rota” é fundamental. A competição está sendo constantemente redefinida e a colaboração também.
A visão estratégica é fundamento do pensamento estratégico que, por sua vez, é indispensável a qualquer gestor – qualquer um que toma decisões -, pois a administração compete em muito mais do que tratar de pessoas, recursos, competências, informações ou atividades organizacionais.
A visão estratégica é um composto de quatro perspectivas
A visão estratégica plena deve servir como base, tanto para a sobrevivência da organização – baseada na potencialização das forças e mitigação das fraquezas da empresa – como para seu sucesso competitivo – aproveitando oportunidades e evitando ameaças. Tudo isso, considerando aspectos sociais, financeiros, econômicos, tecnológicos e culturais.
A percepção plena das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma empresa implica no exame de quatro perspectivas distintas: sistêmica, periférica, antecipatória e intuitiva. É da combinação dessas quatro visões que nasce o pleno entendimento e capacidade de formular estratégias.
Visão sistêmica ou holística
A força de uma corrente é determinada pelo elo mais fraco – Elyahu Goldratt
Visão sistêmica implica em perceber as partes, ou componentes, de uma organização, papéis/responsabilidades dessas partes e a forma como se relacionam.
A visão sistêmica pode ser simplificada como a capacidade de “perceber o todo”
Visão periférica
Pensamento fora da caixa, ou seja, dos limites da organização, reconhecendo o entorno no qual a empresa está inserida. Isso implica entender não apenas os competidores, mas também clientes, fornecedores, governo e parceiros da cadeia de valor ou do ecossistema.
A visão periférica implica em perceber a própria organização como uma parte, ou componente, que interage com outras partes com responsabilidades determinadas, muitas vezes sobrepostas, e da forma como se relacionam.
A visão periférica pode ser simplificada como “ver o entorno”
Visão antecipatória
A visão antecipatória implica em ter clareza sobre as diferenças entre o futuro que consideramos mais provável e aquele que consideramos desejável, alinhado a visão manifesta na intencionalidade estratégica.
O desenvolvimento da visão antecipatória implica na identificação e avaliação de tendências. Também implica na percepção das consequências decorrentes de ações presentes.
A visão antecipatória pode ser simplificada como “mirar as consequências”
Visão intuitiva
Drucker já dizia que a melhor forma de prever o futuro é criá-lo. Isso implica em ter condições de imaginar, intuir e entender o “tabuleiro competitivo”, antecipando movimentos.
A geração de insights é uma questão de disciplina e método.
A visão intuitiva pode ser simplificada como “entender para onde ir.”
Definindo visão estratégica
Visão estratégica, sendo uma composição das visões holística, periférica, antecipatória e intuitiva pode ser simplificada como a capacidade de ver o todo e o entorno, mirando consequências desejadas, de forma a entender claramente para onde ir.
Visão estratégica para conviver com a incerteza
Há muito tempo acreditamos que, quando a taxa de mudança dentro de uma instituição se torna mais lenta do que a taxa de mudança externa, o fim está à vista. A única questão é quando. – Jack Welch
Há muita mudança estratégica no “caminho”, principalmente nos tempos atuais. O processo de planejamento estratégico, por exemplo, deixou de prever o futuro para se ajustar rapidamente a ele, eliminando complexidade predatória e implantando, consistentemente, rupturas articuladas.
Visão estratégica como forma de maximizar resultados
Empresas mais lucrativas são mais competitivas. A lucratividade, entretanto, vem das capacidade sda empresa gerar mais receitas e de eliminar custos. O combate aos custos, entretanto, precisa ser inteligente.
Em uma empresa, todas as atividades tem sua importância, mas algumas tem mais importância do que as outras. As atividades associadas as capacidades diferenciadoras – associadas a vantagens competitivas – são tão importantes que, eventualmente, mesmo em movimentos de corte de custos, podem receber mais investimentos. Por outro lado, há atividades que “apenas mantem as luzes acesas”, essas devem ter custo cada vez menor.
Custo é como unha; tem de ser cortado sempre. – Beto Sicupira
Visão estratégica para diferenciar o core business, oportunidades e oportunismos
A visão estratégica confirma ou nega a intencionalidade. Ou seja, determina se o negócio de uma organização, sua missão e visão fazem sentido, frente ao conjunto de princípios e valores.
A análise das forças e fraquezas – pela visão holística – e das oportunidades e ameaças – pela visão periférica – autorizam determinar com mais clareza oportunidades e oportunismos, mais ou menos alinhados com o core busines, antecipando resultados – pela visão antecipatória – determinado que ações táticas fazem ou não sentido – pela visão intuitiva.
Antes de avançar …
Por tudo que foi indicado nesse capítulo, é fácil inferir que visão estratégica é fundamental para o pensamento estratégico. De forma que recomendo as seguintes reflexões:
- No dia a dia, você pondera as necessidades de seu setor ou tenta perceber a empresa como um todo?
- Você conhece os concorrentes de sua organização?
- Quais são os principais interesses dos parceiros de sua organização?
- Quais são os aspectos que podem influenciar cenários futuros da sua organização?
- Qual a relação, para você, entre intuição e criatividade?